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O amor cansa-nos aos poucos.
Cansa-nos com o tudo e com o nada.
Tanto, que ao longo do tempo vamos ficando maleáveis e domesticados pela derrota e exaustão.
Como um dono a quem servimos, amansando-nos a ilusão e treinando-nos para a realidade.
Histórias de amor inacabadas batem nos meus pés como ondas perdidas de um oceano ao qual não pertenço.
Gritos femininos e raivas implacáveis desenrolam-se em espuma de beijos perdidos na violência da tempestade que não amainou.
A mudez masculina entrelaçada em estrelas escurecidas pelo eclipse lunar, amedrontada pelo Adamastor que criou com o seu próprio coração.
A estas histórias falta-lhes sempre a dignidade do amor vivido, atirado ao chão e espezinhado publicamente perante os olhares atónitos de quem passa.
Pináculo deste triângulo novelesco sem o saber, observo-lhes as palavras, umas tristes, outras enraivecidas, e sinto-me tragicamente comovida.
Comovida por mim, personagem equívoca de uma história de amor que não é a minha, afinal.
Comovida por eles, como se nada tivesse valido a pena.
Se não valeu a pena, não foi amor o que viveram.
Foi outra coisa.
E é triste não saber o que é amor.
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