Quando olhamos alguém nos olhos, sentimo-nos de alguma forma protegidos, quando essa pessoa nada sabe sobre nós.
Mas quando alguém sabe tudo sobre ti, sempre soube e não o sabias, sentes uma vulnerabilidade tão grande, mas tão grande, que queres fugir.
Fugir desse olhar que te desvenda a alma, as fragilidades, os medos, as inseguranças, do qual não te podes esconder, porque te despe em silêncio sem que nada possas fazer.
A vulnerabilidade deveria ter sido a minha dádiva, o meu presente, dado pedacinho a pedacinho, como uma descoberta a dois.
Fiquei zangada com esta impossibilidade. E há tanta coisa que não compreendo.
Sinto-me um animal assustado na floresta a olhar para o caçador que não me quer matar, e que me observa fascinado, enquanto me debato e resisto, numa tentativa vã de recuperar a vulnerabilidade que era só minha e me fazia sentir segura enquanto esteve escondida dentro de mim.