Todas minhas e de bem com elas.

Kristen Ravn é uma mulher ficcional sobre a qual leio às escondidas.

Deixo-a vagar pelo meu mundo, uma desconhecida perante outra, não se conhecendo, mas sabendo tudo uma sobre a outra.

Almas inexistentes existindo apenas quando se lêem.

O livro, esse, não posso nomeá-lo.

Quando uma personagem sabe a mim mesma, não revelo em que páginas habita.

- Pensei: "Muito bem. Se vou continuar esta coisa da vida, tem de ser com as minhas condições, vou fazer o que quero (...)". Primeiro pensei que era tipo um superpoder. Podia fazer tudo o que quisesse (...). Mas depois apercebi-me que não podemos ignorar as coisas com as quais nos preocupamos. Não nos podemos enganar. E tu disseste que não se trata só de mim. E, apesar de estar a sofrer vale a pena ficar por cá para tornar o meu cantinho do mundo um lugar um pouco melhor.

- É só isso que importa. A felicidade é maravilhosa. É tão maravilhosa que não importa se é nossa ou não. É uma coisa linda. "Uma sociedade torna-se melhor quando velhos plantam árvores e à sombra das quais nunca se vão sentar". As pessoas boas fazem coisas pelos outros. É isso.

in After Life by Ricky Gervais

After Life cinematografa a perda e a tristeza, dando-lhe um cenário humano.

Os diálogos, absolutamente excepcionais são conversas com um deus qualquer, o deus de cada um, aparentemente ocasionais, onde nada do que é dito é deixado ao acaso.

Uma série que todos os seres humanos deveriam ver.

- Reparei que há muito tempo que ninguém me diz que vai ficar tudo bem.

- Porque é mentira. Sabemos lá se vai ficar tudo bem.

- Obrigada.

- Pelo quê?

- Por não mentires.

Nas redes sociais vigiamo-nos uns aos outros, quase sem dormir.

Protegendo os milésimos de hectares do nosso perfil virtual, real ou ficcional, disparando para o ar sempre que a nossa propriedade egocentrista é trespassada.

É como viver aprisionado num western onde vigora a lei da bala.