Não consigo encontrar nenhuma partícula de romantismo na frase «és minha».

Há uma frase de Clarice Lispector que nunca mais consegui esquecer:

Lutando sobretudo contra o próprio preconceito que a aconselhava a ser menos do que era, que a mandava dobrar-se.

Este preconceito sobre o qual Clarice escreve é aquele que ultrapassa as barreiras do género e da raça.

É aquele que tem sementes tão ancestrais que não há forma de vencê-lo.

É aquele que é perpetrado contra as pessoas que escolhemos ser.

É aquele que constantemente nos quer convencer de que estamos errados como pessoas.

É aquele que nos quer subjugar a uma regra padrão que ninguém sabe quem decidiu impôr.

É aquele que nos manda ser algo, quando queremos ser quem somos e nada mais.

É aquele que acha saber o que queremos com base em estatísticas.

É um preconceito que não é só para alguns, é para todos.