Observar os velhos como quem observa pássaros
Hoje estive a observar os velhos como quem observa pássaros.
Perscrutei-lhes as rugas, os olhos que se apequenam com a velhice, os passos coxeantes. Mas o traço que mais gosto de lhes observar são as conversas, sem as escutar.
E nessa surdez sei que, o que mais invejo nos velhos, é a sua suprema liberdade de dizerem o que querem, sem ninguém os levar demasiado a sério.
Como pássaros que cantam para colorir as árvores por baixo das quais se sentam.