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Raramente digo em voz alta as palavras que escrevo.
Não me parecem as mesmas quando lhes dou voz. Sonoras, perdem-se na atmosfera que me envolve e me separa dos outros. Prefiro-as no papel, onde não passam de silêncio, um dos mais belos sons que se pode escutar.
A primeira vez que escutei o silêncio foi no Deserto do Saara. Senti-me tão pequena perante tamanha grandiosidade de vazio e silêncio que não ousei pronunciar um som. A minha mudez tombou ali e não regressou a mesma. Não consegui dizer absolutamente nada perante aquele mar de dunas sem fim.
O Saara mudou-me as palavras e os seus momentos. Nunca mais as viria a pronunciar da mesma maneira, nem a dizê-las fora de tempo.
E o toque da areia do deserto, de tão fina e macia, parecia seda.
Podia vestir-se. Como as palavras que quero escrever.
Do meu deambular pelo mundo, o Saara nunca saiu de mim. E quem nunca escutou o silêncio do deserto, não conhece o âmago do mundo.
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