A inépcia tecnológica da administração pública, quando lhe convém, e o seu alheamento perante os cidadãos, a quem deveria servir, representa o esmagamento do cidadão pelo Estado. É o Estado totalitário, a antítese do que se espera numa democracia, sobretudo na era do governo digital.
O cidadão é abusado, lesado e vilipendiado. Tem de apresentar reclamação documental, judicial e presencial quando o erro e os elementos de prova estão ali no próprio sistema à vista de todos os interessados. A situação é ridícula e revoltante, como também é ridícula e revoltante a forma como as pessoas são empurradas de telefone em telefone, de email em email, de funcionário para funcionário, sem que alguém dê respostas completas e definitivas.
A administração pública está na idade das trevas, veste de negro, e é inimputável. Para perseguir vale tudo, mas para responder perante os cidadãos nada. Nestes serviços públicos, o público é de facto uma maçada e dele não resta senão desconfiar. O estado geral é um de desorganização e o sistema está feito para lidar com canalhas. E isto, infelizmente, também diz muito acerca de quem o concebe.
Ricardo Arroja
in A Segurança Social tem licença para extorquir
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