Então e o yoga?
A professora faz yoga e eu assisto ao vídeo no sofá a comer pipocas.
Eu sei.
Sou uma mulher sem princípios.
A pandemia pôs de quarentena os poucos que me restavam.
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A professora faz yoga e eu assisto ao vídeo no sofá a comer pipocas.
Eu sei.
Sou uma mulher sem princípios.
A pandemia pôs de quarentena os poucos que me restavam.
O que mais gosto no áshrama são as paredes brancas, a ausência de espelhos, a luz natural, as janelas abertas com a brisa da rua a arrepiar-nos a pele e o chão forrado para nos amparar as quedas.
E o silêncio.
O silêncio absoluto é a melhor parte.
Não me canso de escrever sobre o salamba sarvangasana, um dos meus asanas favoritos, que me tem ajudado a ver de forma inversa. No contrário das coisas tenho visto exactidão na sua dissonância e o avesso voa em concordância.
Neste asana o coração ganha uma nova posição, fica acima da cabeça e a emoção fica também ela pensativa, despertando o kundalini adormecido, a energia primeva que se esconde na base da espinha dorsal.
Espalham os ventos incautos que o salamba sarvangasana abre o visuddha que se acredita ser o centro purificador do corpo que acorda a criatividade para o mundo lá fora.
Se o movimento do meu corpo está a criar um mito dentro de mim estarei então a transformar-me numa criatura mitológica, híbrida, que se recusa a ter uma só natureza, em constante metamorfose, almejando o infinito de uma alegoria.
Já consigo fazer o karnapidasana.
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